12/08/2008

Minha primeira experiência com o pó

Minha primeira experiência com o pó.

Baseado em fatos reais.

Meu primeiro contato com o pó foi muito diferente, estranho.

Fiquei uma noite toda sem dormir. Remoí o dia todo, fiquei enérgico.

Mas comecemos do começo.

Estava eu ontem no escritório, por volta das quatro da tarde, indo ao banheiro, quando vi um colega de trabalho, P.P. *, no cantinho da cozinha, quieto, escondido, mexendo em algo da gaveta, com cara de culpado.

P.P. é um cara legal, bacana, moderno, na faixa de seus trinta anos, aparentando menos, sempre inovador e carismático.


Perguntei o que era, ele respondeu que não era nada. Perguntei de novo, insisti, enchi a paciência, queria saber o que era. Curiosidade é o meu fraco.

Depois de tanto insistir, ele finalmente me disse o que era.

- É pó. Quer um pouco?

- Não, valeu.

- Não gosta?

- Nunca experimentei.

- Vai, meu, experimenta aí.

- To sussa.

- Vamo, cara, é legal, te deixa ligadão.

- Nem, velho. Uma amiga minha tece piripaque por causa disso, estudando p/ Medicina.

- Ah, mas aí é o stress, meu. Esse aqui é do bom, é minha irmã que traz.

- Quantas vezes você já veio aqui hoje?

- É a terceira.

- Cacete!

- Cara, você ta aí, molengão, quebrado, morrendo de sono. Vai dormir em cima da mesa. Você já vai pra faculdade, fica bem, meu.

- Beleza, vamo aí.

P.P. * preparou mais um coquetel – “dose de moça”, segundo ele – e me entregou.

Eu olhei, analisei, estranhei, pensei na minha família, no que estava fazendo...

- Mas essa porra não vicia?

- É só não exagerar. Mas e agora, vai botar pra dentro ou não?

Olhei mais uma vez para aquilo, e, impulsivamente, mandei tudo de uma vez só.

Nossa, como aquela coisa tem “gosto” ruim. P.P.* passou cinco minutos rindo da minha careta de azedo.

Mas me senti bem, imediatamente mais eufórico, disposto, enérgico, queria até pular e dançar.

Depois, saí do escritório e fui para a faculdade.

Pra faculdade, mas não pra aula. Era dia de trote.

Após muita gritaria, animação, bateria, música, mendigadas e risadas, sentamos todos no glorioso Dom’s, o bar do Márcio. E começamos a beber.

Beber, beber, beber, beber.... Fiquei ainda mais feliz, e nem me passou pela cabeça de não misturar as duas substancias.

Depois de beber e me diverti o bastante, fui pra casa, dormir.

Digo, tentar dormir.

Não consegui pregar o olho a noite toda, amanheci morrendo de dor de cabeça, enjôo, dor no corpo e muita, mas muita azia. Passei realmente mal demais. Tive febre, e toda aquela coisa.

Me arrependi.

Conclusão:

Não misturo mais cerveja com pó de guaraná.

-F.F.

(Texto um pouco antigo, republicado pela nova paginação do blog.)

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