Minha primeira experiência com o pó.
Baseado em fatos reais.
Meu primeiro contato com o pó foi muito diferente, estranho.
Fiquei uma noite toda sem dormir. Remoí o dia todo, fiquei enérgico.
Mas comecemos do começo.
Estava eu ontem no escritório, por volta das quatro da tarde, indo ao banheiro, quando vi um colega de trabalho, P.P. *, no cantinho da cozinha, quieto, escondido, mexendo em algo da gaveta, com cara de culpado.
P.P. é um cara legal, bacana, moderno, na faixa de seus trinta anos, aparentando menos, sempre inovador e carismático.
Perguntei o que era, ele respondeu que não era nada. Perguntei de novo, insisti, enchi a paciência, queria saber o que era. Curiosidade é o meu fraco.
Depois de tanto insistir, ele finalmente me disse o que era.
- É pó. Quer um pouco?
- Não, valeu.
- Não gosta?
- Nunca experimentei.
- Vai, meu, experimenta aí.
- To sussa.
- Vamo, cara, é legal, te deixa ligadão.
- Nem, velho. Uma amiga minha tece piripaque por causa disso, estudando p/ Medicina.
- Ah, mas aí é o stress, meu. Esse aqui é do bom, é minha irmã que traz.
- Quantas vezes você já veio aqui hoje?
- É a terceira.
- Cacete!
- Cara, você ta aí, molengão, quebrado, morrendo de sono. Vai dormir em cima da mesa. Você já vai pra faculdade, fica bem, meu.
- Beleza, vamo aí.
P.P. * preparou mais um coquetel – “dose de moça”, segundo ele – e me entregou.
Eu olhei, analisei, estranhei, pensei na minha família, no que estava fazendo...
- Mas essa porra não vicia?
- É só não exagerar. Mas e agora, vai botar pra dentro ou não?
Olhei mais uma vez para aquilo, e, impulsivamente, mandei tudo de uma vez só.
Nossa, como aquela coisa tem “gosto” ruim. P.P.* passou cinco minutos rindo da minha careta de azedo.
Mas me senti bem, imediatamente mais eufórico, disposto, enérgico, queria até pular e dançar.
Depois, saí do escritório e fui para a faculdade.
Pra faculdade, mas não pra aula. Era dia de trote.
Após muita gritaria, animação, bateria, música, mendigadas e risadas, sentamos todos no glorioso Dom’s, o bar do Márcio. E começamos a beber.
Beber, beber, beber, beber.... Fiquei ainda mais feliz, e nem me passou pela cabeça de não misturar as duas substancias.
Depois de beber e me diverti o bastante, fui pra casa, dormir.
Digo, tentar dormir.
Não consegui pregar o olho a noite toda, amanheci morrendo de dor de cabeça, enjôo, dor no corpo e muita, mas muita azia. Passei realmente mal demais. Tive febre, e toda aquela coisa.
Me arrependi.
Conclusão:
Não misturo mais cerveja com pó de guaraná.
(Texto um pouco antigo, republicado pela nova paginação do blog.)
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